Pais devem estimular o filho a ajudar o
próximo. Simples ações podem fazer com que outras crianças sigam o exemplo
e forme um ciclo de amor e solidariedade.
Agosto de 2011: a pequena Luíza Araujo Peres, com 7 anos na época, estava carequinha. Havia perdido os cabelos em virtude da quimioterapia, necessária para combater um câncer no rim. Agosto de 2014: já totalmente recuperada do tratamento e com os fios fartos e quase na altura da cintura, a menina decide cortar no estilo chanel e doar as mechas no tamanho de 15cm para a Cabelegria, uma ONG que fabrica perucas para doar a quem está passando pelo mesmo processo que Luíza passou há três anos.
Luíza, que no caso é minha filha, conta que resolveu
fazer a doação porque sabe o quanto é difícil deixar a carequinha exposta
ao tempo. "Quando o meu cabelo cresceu, uma das coisas mais gostosas
foi sentir o calor dele na cabeça de novo. Por isso, eu doei. Assim outras
crianças vão poder usá-lo como peruca e ficar com a
carequinha protegida", ressalta.
O gesto de Luíza gerou uma linda corrente do bem. Incentivadas por
ela, mais seis pessoas conhecidas cortaram o cabelo e doaram para a ONG,
sendo duas delas crianças como ela. Marina Castilho e Ana Laura Bannwart
Cândido, ambas de 10 anos, também passaram a tesoura nos longos fios e
fizeram a doação. "Achei o gesto da minha amiga Luíza muito legal e
isso fez com que eu tivesse vontade de doar”, conta Marina, que enviou uma
mecha com 18 cm de cabelos para a Cabelegria. Ela completa, dizendo que
foi a primeira vez que fez esse tipo de ação e que sentiu que
algumas crianças estavam precisando “e ficariam felizes com a minha
doação”.
Ana Laura, que doou 15cm de mechas, também ficou animada em enviar
as suas madeixas depois que soube da doação de Luíza. “Eu nunca tinha
doado cabelo e nem sabia que tinha esta instituição que recebia doações de
cabelo. Quando vi que a Luíza tinha doado, achei legal poder ajudar e me senti
muito feliz em saber que o meu cabelo faria uma criança que está tão
doente, sofrendo, um pouco mais feliz, podendo se sentir mais bonita com
cabelo de novo. Acho que é uma atitude de amor ao próximo”, completa.
No lugar do outro
Envolver as crianças em atos de solidariedade desde cedo é uma
maneira de prepará-la para ser um cidadão participativo no futuro, além de
despertar sentimentos nobres como amor ao próximo e desejo de mudar a vida
de outras pessoas.
Para a psicóloga Ana Lúcia Teixeira Rigueto ensinar a
solidariedade significa educar para a moral no sentido coletivo. “Isso
estimula e educa a criança para uma visão em que ela deixe de ser apenas
um indivíduo e passe a ser a sociedade, se sinta parte desse todo e que se
comprometa com o que nele acontece”, frisa.
Além disso, garante maior aptidão no desenvolvimento das
habilidades sociais, da empatia (capacidade de se colocar no lugar do
outro), favorecendo a afetividade, conforme explica a psicóloga.
Para Luíza, não foi difícil se colocar no lugar do outro, mesmo
porque ela já esteve nesse lugar por longos nove meses, que foi o período
que durou a quimioterapia.
Nessa época, além de perder os cabelos, ela entrou num ciclo
estressante de internações, agulhas, injeções, mal-estar e angústia. Com a
cura chegou a liberdade de viver bem novamente, longe de tudo isso e
dentro da rotina de qualquer criança, com retorno à escola (ela ficou um
ano sem estudar), festas, passeios, brincadeiras e sonhos. E dentro de
tudo isso, a família sempre procura plantar a sementinha da gratidão e do
amor ao próximo, por meio de doações (ela sempre colabora
levando brinquedos, lenços, revistas...) aos pacientes do hospital.
As gêmeas Gabriela Barroso Maia e Maria Fernanda Barroso Maia, de
8 anos, também foram estimuladas pela mãe, a ginecologista Cibeli Strutz
Barroso a cortar o cabelo para doar para as crianças atendidas pelo GPACI,
de Sorocaba (SP). “Elas estavam com os fios bem compridos e eu expliquei
que poderiam doar para as crianças atendidas pelo hospital, que ficavam
carequinhas por causa do tratamento contra o câncer”, explica a mãe. As
duas gostaram da ideia e cortaram o cabelo na altura dos ombros.
Depois, as três foram juntas ao hospital para fazer a doação.
“Elas ficaram sensibilizadas, principalmente a Gabriela”, conta Cibeli,
toda orgulhosa pela atitude das meninas.
Cabelegria
A doação de cabelos para a confecção de perucas para pacientes com
câncer é algo relativamente novo, mas que vem fazendo a diferença na vida
de quem enfrenta uma doença tão grave e devastadora como essa. Perder
os cabelos pode até parecer algo insignificante diante do problema de
saúde. No entanto, para mulheres e crianças isso torna-se um símbolo muito
forte em sua luta, podendo até derrubar a autoestima e levar a momentos de
tristeza e sentimento de mutilação.
Por isso, ações como a da ONG Cabelegria são tão valiosas!
Devolver a moldura do rosto traz a sensação de acolhimento e esperança. As
ações da Cabelegria são simples: basta doar um pouquinho do seu cabelo.
A ideia das amigas Mylene Duarte e Mariana Robrahn surgiu em 2013,
através de uma amiga que doava o cabelo para a Santa Casa de São Paulo.
Elas resolveram criar um evento no facebook para doação de cabelo e, em
pouco tempo, o evento saltou de 700 pessoas para 1.700. Muita gente
começou a perguntar o que era necessário para fazer a doação. A partir
deste momento nasceu o Cabelegria. Em menos de seis meses, conseguiram
tornar o projeto uma ong, que trabalha em parceria com a Andrea Lopes Cabelos,
responsável por confeccionar as peruquinhas de graça.
São necessários cerca de 200g de cabelo para se confeccionar uma
peruca, portanto a ONG necessita de muitas doações. Ainda não há uma
parceria com alguma instituição, pois não existe um número grande de
perucas para o fornecimento às crianças.
Qualquer tipo de cabelo pode ser doado, mesmo que contenha química
ou tintura, e o comprimento mínimo para doação é de um palmo, cerca
de 20 cm (quando Luíza e as amigas doaram, elas aceitavam mechas menores
que isso).
Hoje o Cabelegria conta com milagres de doações de todo Brasil,
inclusive alguns de outros países, e tem mais de 80 peruquinhas entregues.
A página do Facebook já conta com mais de 273 mil curtidas, e cresce dia
após dia, assim como o número de doadores. Não existe uma idade mínima
para doação, e o Cabelegria recebe doações diárias de crianças e adultos.
O objetivo futuro do Cabelegria é se tornar um banco de perucas, para
ajudar tanto as crianças quanto os adultos em tratamento que necessitem de
uma peruca durante este período.
Saiba como ajudar!
É simples, fácil e não custa nada. Que tal mudar de visual e
arrasar na atitude?
COMO DOAR:
- Amarre o cabelo antes de cortar, para facilitar o manuseio.
- Após cortado, coloque o cabelo seco em um saco plástico e envie
para a instituição de sua preferência.
Além do Cabelegria, é possível doar cabelo para outras
instituições:
AVCC - Associação
Voluntária de Combate ao Câncer (ligada ao
Hospital do Câncer de Barretos). www.avccbarretos.com.br
Avenida Paulo de Mattos Leandro, 1357 - Bairro Dr. Paulo Prata -
CEP 14784-379 - Barretos/SP
Telefone: 17 3321-6600 - Ramal: 6792 - Email:
[email protected]
O GRAACC aceita doações de cabelos, porém, os fios dão vendidos para
salões de beleza, pois o hospital não possui parceiros para a confecção
gratuita de perucas. Os valores arrecadados com a venda dos fios são
revertidos em prol do GRAACC e contribuem com os custos do hospital. A
doação pode ser entregue diretamente ou por correio no Setor de
Voluntariado do GRAACC.
A/C Setor de Voluntariado Rua Botucatu, 743 - Vila Clementino -
São Paulo/SP - CEP 04023-062
Rapunzel Solidária - Assim como o Cabelegria, recebe doações de mechas
para confecção de perucas. O tamanho mínimo é de 15cm. As mechas devem ser
enviadas para a Caixa Postal 57007 - CEP 04089-972 - São Paulo/SP.
Nossa fonte
Ana Lúcia Teixeira Rigueto, psicóloga clínica e
terapeuta familiar sistêmica
Fonte:
Artigo desenvolvido pelo projeto NA MOCHILA, que em
parceria com as escolas oferece uma revista por bimestre aos pais de alunos do
ensino Infantil e Fundamental I. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.